A Rebdeldia da Esposa Desprezada ( Flavia Almeida )

Chapter Capítulo 23



Capítulo 23 

A voz fina e aguda, com um toque de surpresa, era tão familiar que num instante despertava nela uma aversão fisica

Flávia Almeida ergueu a cabeça e olhou de forma desinteressada. “Srta. Carvalho, quanto tempo, hein?” 

Logo em seguida, o chefe que chegou de surpresa falou, “Ué, vocês se conhecem?” 

Antônia Carvalho ajeitou o casaco e deu um sorrisinho de canto, caminhando lentamente até sentar–se à frente de Flávia Almeida. “Mais do que isso, a gente se conhece muito bem.” 

O chefe, sem perceber o que estava por trás daquelas palavras, sorriu e disse. “Ah, são conhecidas! Querem conversar em particular?” 

Antônia Carvalho olhou para o chefe e disse. “Conhecer, a gente conhece, mas não é aquela amizade de fechar bar. 

Com essa fala, ela deixou bem clara a relação entre elas, e o chefe ficou melo sem graça. 

Flávia Almeida não reagiu e apenas empurrou a caixa para frente. “Chefe, vamos seguir o protocolo da casa, pode conferir a mercadoria.” 

Vendo que Antônia Carvalho não tinha objeções, o chefe pegou a bolsa e começou a examiná–la ali mesmo. 

O espaço na pequena mesa reservada era limitado. Flávia Almeida e Antônia Carvalho estavam apenas a um metro de distância, mas a tensão entre elas era tão evidente que até o chefe, que estava a alguns metros de distância, sentia uma pressão no ar. 

“Flávia Almeida, você tem a cara de pau mesmo, vendendo as coisas da familia Lopes, não tem vergonha na cara?” 

“Eu só estou me desfazendo de algumas coisas que não quero mais, por que eu teria que ter vergonha? Seguindo essa sua lógica, quem se desfaz de coisas que não quer mais deveria se envergonhar tanto ao ponto de se matar, não é?” Flávia Almeida riu. Pelo que vejo, a Srta. Carvalho está vivinha da silva, não é?” 

Antônia Carvalho ficou com a cara fechada e, por causa da presença do chefe, não queria que suas palavras fossem ouvidas por outras pessoas, então teve que engolir a raiva. 

Depois de uns vinte minutos, o chefe terminou de verificar a autenticidade da mercadoria e perguntou a Flávia Almeida qual era o preço que ela queria

“Cinco milhões.” 

Assim que ela mencionou o preço, antes mesmo de o chefe avaliar se era caro ou barato, Antônia Carvalho já reagiu: “Cinco milhões? Flávia Almeida, você está louca querendo dinheiro? Uma bolsa de dois milhões e você quer vender pra mim por cinco? está me achando com cara de trouxa?” 

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Flávia Almeida manteve–se calma, “Se você pode comprar por dois milhões, por que compraria uma usada? Srta. Carvalho, você sabe que essa bolsa é exclusiva para membros, né? Só os membros top, que gastam mais de vinte milhões por ano, tem direito de comprar essa bolsa. Uma bolsa quase nova, tenho que te cobrar uma taxa de membro, certo?” 

“Taxa de membro? Flávia Almeida, você comprou essa bolsa com o seu próprio dinheiro? Você anda torrando a grana do Marcelo e agora quer me empurrar uma taxa de membro para fazer dinheiro fácil, não é a toa que o Marcelo diz que você é pão–dura e insaciável!” 

Flávia Almeida fechou a mão e seu olhar gelou, “Srta. Carvalho, o Marcelo que você mencionou é meu marido por lei, o fato de eu gastar o dinheiro dele é justo e dentro da lei. Não preciso dos seus comentários. Se você quer a bolsa, o preço é cinco milhões, e pronto. Se não pode pagar, melhor não perdermos mais tempo, tenho mais o que fazer.” 

“Quem disse que eu não posso pagar?” Antônia Carvalho estava furiosa, “Eu só estou questionando o preço da bolsa. A bolsa é avaliada em três milhões, você quer cinco, isso é bagunçar o mercado!” 

Flávia Almeida deu um sorrisinho, “A senhorita Carvalho parece que não sacou a parada, o que rola aqui é uma negociação de pertences pessoais, nada a ver com as regras do mercado, se o negócio der certo, só tenho que acertar o imposto sobre o lucro, não tem nada de ilegal nem nada fora do esquema. Além do mais, o preço que eu boto é só uma ideia pro comprador, a parada é minha e eu coloco o preço que quiser, se não curtir, é só não entrar no rolo.” 

“Você-” Antónia Carvalho ficou roxa de raiva, vendo o jeitão tranquilo de Flávia só aumentou seu estresse, mas aí, num estalo, ela riu, “Flávia Almeida, está na cara que você inflacionou o preço só porque sou eu a compradora, né? Flávia Almeida não deu um pio, só olhou indiferente pra ela. 

Antônia Carvalho ficou ainda mais certa da sua teoria, e falou com deboche, “Pra quê segurar algo que nem é seu, hein?” 

Ela achou que a provocação ia tirar Flávia do sério. Nas poucas vezes que se esbarraram, se Marcelo Lopes dava uma chega mais pra perto, os olhos de Flávia transbordavam ciúme. Antônia pensou que dessa vez não seria diferente. 

Mas Flávia só deu uma olhada sem ligar e disse. “Se a senhorita Carvalho prefere pensar assim, beleza, e aí? Vai comprar ou não?” 

Antónia Carvalho não conseguiu mais sorrir, comprar parecia um mau negócio, mas não comprar deixava Flávia com uma cara de quem tava tirando onda. 

Flávia, como se lesse os pensamentos dela, guardou a bolsa de volta na caixa e quando estava prestes a fechar, Antônia interrompeu ele, “Eu compro!” 

Flávia parou e olhou pra cima, “Pagamento à vista.” 

Antônia cerrou os dentes, “Relaxa, não vai faltar um centavo!” 

Cinco milhões não é mixaria, Antônia teve que sair pra fazer uma ligação. Flávia esperou mais 

de meia hora no camarote até ela voltar com uma cara péssima. 

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Na frente do chefe, elas bateram o martelo, Antônia transferiu a grana pra conta de Flávia na 

hora. 

Quando Antônia foi assinar, Flávia viu uma pulseira de diamantes que ela conhecia bem no pulso dela. 

Parecia muito com aquela que ela tinha devolvido pro Marcelo. 

Antônia percebeu que Flávia tava encarando o pulso dela, ergueu a mão e disse com um sorriso, “Essa pulseira foi um presente do Marcelo no ano que comecei a carreira. Flávia Almeida, ele sempre te dá joias de diamante? Sabe por quê?” 

Flávia travou, e seus dedos se curvaram devagar. 

A expressão dela entregava tudo, Antônia acertou em cheio, mas Flávia nem queria ouvir o motivo, dava até vontade de sair de lá. 

Mas Antônia não deixou barato, e com sarcasmo disse. “Porque o gosto dele por joias vem todo de mim, e meu favorito é diamante.” 

As unhas dela se cravavam na palma da mão, cada palavra de Antônia era um tapa na cara da alegria que Flávia sentia ao receber os presentes. 

O que ela achava romântico não passava de um reflexo de outra mulher. 

“Flávia Almeida, Marcelo nunca te amou, se a avó dele não tivesse barrado a gente, você acha mesmo que teria casado com ele? Mas agora é diferente, a Vovó Lopes já está velha, e mais cedo ou mais tarde, a familia Lopes vai ser do Marcelo. E aí, o que você acha que vai ser de você?” 

Antônia riu, “Se fosse você, caía fora logo, pelo menos ia com dignidade. Ser chutada é mico 

demais.” 

Quando você começou a sua carreira, eu já estava casada com o Marcelo Lopes, não estava? “O quê?” A pergunta de Flávia Almeida saiu do nada, deixando Antônia Carvalho sem entender nada no momento. 

“Então, cada centavo que ele gastou com você, não seria tudo patrimônio do casal? Dessa forma, eu tenho o direito, segundo a lei, de pedir que essa grana seja devolvida.”


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